O dia foi de ostentação e teve como primeiro grande momento o pouso de paraquedistas na avenida, com sinalizadores para anunciar a entrada da Portela.
Mesclando tradição e tecnologia, a escola que no ano passado ficou em terceiro lugar chega com força para brigar pelas primeiras colocações. Com um enredo sobre os 450 anos do Rio, a Portela fez um desfile-ostentação, com "Águia Cristo Redentor" se curvando diante do público e bolas-drones sobrevoando a Sapucaí.
Apesar de problemas em evolução e alegorias, como o de um carro que desfilou com as luzes apagadas e sem chafariz, a azul e branca foi ovacionada pelo público e saiu da Sapucai os gritos de "é campeã".
Já a Beija-Flor voltou às suas características, apostando no luxo e tradição em um desfile de resgate da sua alma africana, marcado pela perfeição técnica e alegorias e fantasias rebuscadas, com uma profusão de máscaras, carrancas, búzios e plumas. O diferencial tecnológico veio na comissão de frente, que exibiu escudos em formato de máscaras, que mudavam de expressão, em movimentos comandados por controle remoto.
A escola procurou não se deixar abater pelo polêmica em torno do patrocínio recebido do país homenageado, a Guiné Equatorial, que é uma ditadura comandada há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.
"A gente pegou um enredo para falar de um país africano, que até então muita gente não conhecia. Nossa questão aqui é carnaval. O regime não nos compete. Cuba era odiada pelo mundo democrático e hoje está sendo abraçada", disse ao G1 o presidente da Beija-Flor, Farid Abraão.
Sem o carnavalesco Paulo Barros (atualmente na Mocidade), a Unidos da Tijuca veio menos impactante, mas sem abrir mão de elementos que se transformaram em marca registrada da escola.
Foi assim com as alegorias humanas, com carros repletos de movimentos coreografados e alas com fantasias criativas e surpreendentes. Um dos destaques foi o carro alien, em homenagem ao artista suíço Hans Rudolf Giger, que trabalhou com Ridley Scott no filme "Alien, o oitavo passageiro", com aliens e imagens do filme em telões.
A ala que retratou o acelerador de partículas tinha componentes fantasiados com luzes de LED de diferentes cores. Com o o enredo “Um conto marcado no tempo – o olhar suíço de Clóvis Bornay", a Tijuca carnavalizou famosos símbolos do país como os relógios, os canivetes, os chocolates e os Alpes, fazendo até "nevar" na forma de espuma de sabão, no carro que tinha ainda pista de patinação no "gelo".
A campeã do carnaval 2015 no Rio de Janeiro será conhecida na quarta-feira (18). A apuração começa a partir das 16h45.
As seis melhores colocadas voltam a Sapucaí no sábado (21) para o desfile das campeãs. A escola que ficar em último lugar será rebaixada para a Série A, o grupo de acesso.
Veja os principais destaques do segundo dia de desfiles do Carnaval 2015 no Rio:
SÃO CLEMENTE
Em sua estreia na São Clemente, a carnavalesca Rosa Magalhães apostou num desfile cheio de assombrações, caveiras, mitos do folclore acreano que fascinavam Pamplona, e ícones do carnaval de rua. Indo contra a atual tendência, a escola apostou em uma comissão de frente sem elemento cenográfico, só com componentes vestidos como pássaros, em referência ao Matinta Pereira, personagem do folclore brasileiro.
Já a bateria teve em sua frente Rafaela Gomes, de 16 anos, a mais jovem rainha deste ano no Grupo Especial.
PORTELA
A escola apresentou a Cidade Maravilhosa num estilo surrealista e abusou da tecnologia. A águia-drone do ano passado apareceu de novo na Sapucaí e um carro representando o Maracanã veio escoltado por 3 bolas-drone que sobrevoaram as arquibancadas. A comissão de frente também causou impacto com um enorme telão em forma de relógio derretido da obra de Salvador Dalí. A Tabajara, como é conhecida a bateria, tocou num ritmo frenético e contagiante, que levantou a arquibancada, e trouxe à sua frente, além da rainha Patrícia Nery, o cantor Carlinhos Brown.
Apesar de alguns problemas em evolução e alegorias, como o de um carro que desfilou com as luzes apagadas e sem chafariz, a azul e branca saiu da Sapucaí os gritos de "é campeã".
BEIJA-FLOR
A escola procurou deixar o polêmico regime político do país homenageado de lado e focou nas belezas do país, apresentando um desfile poderoso, de alegorias e fantasias impactantes e rebuscadas, com uma profusão de máscaras, carrancas, búzios, plumas, palha e sisal. A comissão de frente veio sem elementos cenográficos. Munidos de lanças e escudos, os bailarinos fantasiados de guerreiros formavam uma árvore na avenida. Em formato de máscaras, os escudos causaram impacto ao trazer movimentos de expressões faciais, controlados por controle remoto.
Outro ponto alto foi o samba-enredo, embalado pela voz única e marcante de Neguinho da Beija-Flor, que neste ano completa 40 anos de escola.
UNIÃO DA ILHA
A comissão de frente trouxe a atriz Cacau Protássio fantasiada de Branca de Neve. As alas brincaram com contos de fadas, teorias de filósofos, artes plásticas e moda, lembrando inclusive o "reino dos excluídos", com Betty a feia, Corcunda de Notre Dame, Frankestein, Fantasma da Óperam, Cyrano de Bergerac e o patinho feio. Na ala "desfile de moda", a estilista Edna (do filme "Os incríveis") teve companhia de várias modelos que eram Olívias Palitos.
Apesar do tema beleza, o desfile não foi tão belo assim no quesito evolução: um problema em um dos carros deixou um grande buraco na avenida, o que pode tirar pontos da escola.
IMPERATRIZ
A Imperatriz usou de menos tecnologias e mais elementos de cena, como acrobatas e esculturas articuladas e de boa qualidade artística nos carros – foi para a avenida com 3.400 integrantes em 32 alas, 6 carros e 3 tripés.
A jornalista Glória Maria também foi destaque, ao lado do jogador Zico, tema da escola no ano passado. A atriz Adriana Lessa também desfilou pela Imperatriz.
TIJUCA
O país também foi lembrado pelas suas inovações tecnológicas, das caixinhas de música ao acelerador de partículas atômicas. O carnavalesco Clóvis Bornay, filho de pai suíço e lendário campeão de fantasias de luxo do carnaval carioca, foi a figura escolhida para ser o elo entre o Brasil e o país patrocinador do desfile. A escola entrou com 4.000 componentes distribuídos em 33 alas, 7 carros e 3 tripés. A bateria de mestre Casagrande veio fantasiada de guarda suíça e teve à sua frente Juliana Alves como rainha.
AUTOR: G1/RJ
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