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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ENIGMÁTICO, BELCHIOR FAZ 70 ANOS COM PARADEIRO IGNORADO E CDs REEDITADOS

(Crédito da imagem: capa da caixa Três tons de Belchior. Projeto gráfico de GPS)

Cearense de Sobral, nascido em 26 de outubro de 1946, Antônio Carlos Belchior completa hoje 70 anos como um dos enigmas indecifráveis da música popular do Brasil. Se haverá festa, ninguém sabe onde. Sem paradeiro certo, Belchior está sumido há oito anos, mais precisamente desde 2008. 

De artista recluso, o cantor e compositor passou a viver como foragido desde que a Justiça começou a cobrar dívidas deste senhor latino-americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e sem shows. O presente pelos 70 anos é dado ao público do artista neste mês de outubro através da caixa Três tons de Belchior, produzida pela gravadora Universal Music com reedições em CD de três álbuns do cantor.

Um desses álbuns, o único título de fato relevante dentre os três reeditados no box, completa 40 anos. Marco da discografia de Belchior, Alucinação (Philips, 1976, * * * * *) ganha a melhor reedição em CD na caixa editada com curadoria e textos do jornalista Renato Vieira. A atual reedição reproduz, no tamanho reduzido do CD, o encarte do LP original de 1976. E o som volta tinindo, por conta da exemplar remasterização feita por Ricardo Garcia (padrão sonoro de qualidade que se repete nas reedições dos outros dois discos).

Produzido pelo então quase iniciante Marco Mazzola, Alucinação tem arranjos de José Roberto Bertrami e repertório inteiramente autoral (composto sem parceiros) que inclui o hit radiofônico Apenas um rapaz latino-americano, os dois petardos roqueiros disparados pela cantora gaúcha Elis Regina (1945 – 1982) no show Falso brilhante (1975 / 1977) – Como nossos pais e Velha roupa colorida – e a regravação de A palo seco, música que Belchior lançara há dois anos no álbum de estreia, editado pela gravadora Continental em 1974 sem a merecida repercussão.

Alucinação, o álbum, inventaria perdas e danos da geração que tentou mudar o mundo na década de 1960. Belchior alfinetava a turma anterior, lembrando que o que há algum tempo era novo, jovem, já podia ser antigo naquele ano de 1976. Decorridos 40 anos da edição original, Alucinação hoje pode soar como álbum datado, até antigo, mas jamais velho porque, descontadas as referências da época, os embates entre gerações continuam girando em torno das mesmas questões universais expostas com contundência por Belchior em letras que iam direto ao ponto, sem firulas e metáforas.

Já os dois outros álbuns da caixa, Melodrama (PolyGram, 1987, * * 1/2) e Elogio da loucura(PolyGram, 1988, * * 1/2) – ambos até então inéditos no formato de CD – soam velhos, datados, inclusive por conta da eletrônica sonoridade oitentista imposta ao artista na época. Basta comparar a regravação modernosa de Todo sujo de batom (1974), manchada com os teclados da época em Melodrama, com os registros feitos pelo compositor em 1974 e em 1977 (o segundo foi o melhor deles, sendo destaque do bem-sucedido álbum Coração selvagem, editado naquele ano de 1977 pela Warner Music).

Embora Belchior tenha tentado se afinar com o som da década de 1980, Melodrama – analisado hoje sob o benefício da perspectiva do tempo – já soa como disco fora de moda na época do lançamento. Belchior já era outro e precisava rejuvenescer, mas não o fez. A música brasileira também já era outra. Contudo, em Elogio da loucura, o artista ainda tentou atualizar a ideologia de Alucinação em letras que, no geral, soaram mais contundentes do que as melodias. De todo modo, o pastiche sonoro de boa parte da produção fonográfica da década de 1980 voltou a dar o tom em Elogio da loucura, outro disco fora de moda já na época do lançamento.

A própria MPB, corrente na qual Belchior se integrara ao longo dos áureos anos 1970, já começava a ficar fora de moda em 1988, suplantada pela geração pop do rock brasileiro e pelos pagodeiros dos quintais cariocas que conquistaram fama ao longo daquela década. Não por acaso, Marisa Monte despontou para o sucesso nacional em janeiro de 1989 com uma música brasileira de sotaque mais pop, deixando velhos (ao menos naqueles anos) ícones da MPB de gerações anteriores à dela.

Belchior foi um desses ícones. Empurrado para a margem do mercado fonográfico a partir da década de 1990, Belchior nunca mais gravou um disco com a repercussão, mesmo modesta, obtida por Melodrama e Elogio da loucura na mídia. O cantor e compositor passou a viver do passado de glória, fazendo shows com os sucessos que lhe garantiriam o sustento e um público fiel. Até que, por volta de 2007, a cabeça de Belchior começou a sair dos trilhos existenciais e a agenda de shows começou a ficar progressivamente vazia. A reclusão se tornou fuga que, com o passar do tempo, adquiriu caráter lendário.

Aos 70 anos de vida, Antônio Carlos Belchior se transformou no enigma que ninguém consegue decifrar. A oportuna caixa Três tons de Belchior reaviva parte do legado do artista e as ideias de uma mente que parece sempre ter estado em ebulição. (Cotação: * * * 1/2)

AUTOR: G1/Mauro Ferreira

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