14. Lin Miaoke:
Embaraçoso movimento político. A espetacular cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008 foi obscurecida pela escândalo de um playback infantil. Assim, enquanto a angelical menina de nove anos Lin Miaoke entrava no palco para cantar e receber aplausos, nos bastidores se escondia a verdadeira cantora, outra pequena chamada Yang Peiyi.
Poucos dias depois da cerimônia a fraude foi revelada, a Internet se encheu de críticas negativas e o diretor musical do evento se viu obrigado a dar as caras para explicar que Lin Maoke foi eleita por ser “muito bonita” e em função do “interesse nacional”, já que “queríamos projetar a imagem correta”. Essas desculpas foram quase piores do que o fato em si, e colocaram em evidência a cruel discriminação sofrida por Peiyi, que, apesar de ter uma voz maravilhosa, exibia dentes mal alinhados e bochechas rosadas.
15. Os Beatles:
O dia em que Lennon plagiou, e reconheceu. Apesar de, como a maioria das músicas dos Beatles, ser assinada por Lennon/McCartney, Come together foi composta por John Lennon. A música que abre o disco Abbey Road (1969) e é tocada nos cinco continentes.
Quase cinco anos depois, a editora musical do pioneiro do rock Chuck Berry, de propriedade do excêntrico empresário Morris Levy, processou John Lennon por plágio: segundo o magnata, havia semelhanças demais entre Come together e a canção de Chuck Berry You can’t catch me. Lennon reconheceu o plágio e acabou chegando a um acordo extrajudicial com Levy: prometeu pagá-lo gravando outras canções de sua propriedade, coisa que cumpriu em seu disco solo Rock’n’Roll (1975). O mais curioso do caso é que uma das músicas escolhidas foi exatamente You can’t catch me, de Chuck Berry.
Enquanto a produtora de Berry o processou por plagiar a canção inteira, Lennon se defendeu dizendo: “Sim, era eu compondo obscuramente sobre um velho tema de Chuck Berry. Apesar de não ter nada a ver com a música de Chuck Berry, me levaram ao tribunal porque admiti isso uma vez há anos. Deixei uma linha da letra igual, mas poderia ter mudado por outra. A música continua sendo minha, independentemente de Chuck Berry ou de qualquer outra pessoa no mundo”.
16. Héroes del Silencio:
Devolvam meu dinheiro. 42 euros (cerca de 170 reais atualmente), de 2007, custava a entrada do show em Sevilha dos Héroes del Silencio, no estádio olímpico de La Cartuja; um encontro marcado na turnê de despedida que o grupo fez por diferentes capitais espanholas e norte-americanas. O de Sevilha era um dos três shows na Espanha, por isso muita gente peregrinou de suas cidades para vê-los, gastando um bom punhado de euros na viagem, além de hospedagem e ingresso.
O estádio estava lotado e, por ser um espaço tão grande, os que não estavam muito perto acreditaram que estava tudo bem, mas o público das primeiras fileiras viu horrorizado que seu grupo favorito perpetrava um playback de arrepiar os cabelos: Bunbury não conseguia mexer a boca enquanto sua voz soava enlatada, e pelos alto-falantes soavam gaitas e outros instrumentos que brilhavam por sua ausência no palco. Indignados, muitos espectadores escreveram críticas na Internet e reclamaram à promotora do show indenizações que nunca foram pagas.
17. Modern Talking:
Essas músicas que você tanto dançou escondem uma fraude. Geronimo’s cadillac, Brother Louie, Chery chery lady... Os sucessos desse duo alemão marcaram a trilha sonora dos anos oitenta. E seus integrantes, Thomas Anders e Dieter Bohlen, encheram o bolso de dinheiro, vendendo 120 milhões de discos.
Mas em 2001, quando Anders e Bohlen já estavam mais do que aposentados, descobriu-se que não eram eles que cantavam os pegajosos falsetes de suas músicas. E mais, o loiro do duo não havia entoado uma sílaba, e o moreno apenas algumas partes. Os verdadeiros intérpretes de seus refrões eram três cantores profissionais, chamados Rolf Köhler, Detlef Wiedeke e Michael Schol, que se mantiveram à sombra enquanto os figurantes levavam a fama e a fortuna. Quando se descobriu o engodo, os autênticos vocalistas tentaram em vão empreender uma carreira como trio, com o nome de Systems in Blue, mas se deram mal.
18. Creedence Clearwater Revival:
Sugando o mestre. Apesar de serem muitos os que beberam no caudaloso cancioneiro de Little Richard, um dos pais fundadores do rock’n’roll, o caso mais criminoso é o de Travelin’ band, do grupo Creedence Clearwater Revival. A música foi composta pelo líder do grupo, o cantor e guitarrista John Fogerty em 1970, arrasou em meio mundo e virou versões de Elton John, Def Leppard e Jerry Lee Lewis.
Mas, em 1972, a empresa que detinha os direitos autorais de Little Richard denunciou Fogerty por considerar que Travelin’ band era parecida demais com Good Golly, Miss Molly. O incidente se resolveu fora dos tribunais, já que Fogerty reconheceu que tinha sido um “plágio acidental”, ou seja, que tinha feito sem querer. Parece uma desculpa barata, mas crível se levarmos em conta que, em certa ocasião, Fogerty chegou a plagiar a si mesmo: na época foi acionado pela empresa proprietária da canção Run through the jungle, que era dele, por considerar que se parecia demais com The old man down the road, que também era sua. Incrível.
‘Travelin’ band’ é muito parecida com ‘Good Golly, Miss Molly’. Como ‘I’m down’, dos Beatles, e ‘Tutti frutti’. Little Richard plagiado duas vezes.
19. Katy Perry:
A flautista mentirosa. Em um show de 2011 realizado em Manchester, Katy Perry quis dar uma de flautista e o silvo saiu pela culatra, protagonizando um dos playback fails mais vexatórios da história do pop recente.
Um funcionário lhe trouxe uma flauta em uma bandeja e ela se pôs a tocar enquanto o microfone era arrumado. Mas a cantora tirou a flauta da boca bem antes de a música parar de tocar e virou. Depois de um forte vaia do público, deu um jeito e gritou: “Tudo bem, não sei tocar flauta!”. O cúmulo foi que alguém postou o vídeo no YouTube e Katy passou ridículo em nível planetário.
Katy Perry, flagrada tocando a flauta mágica:
20. Oasis:
Os ‘fuzilamentos’ de Manchester. O produtor dos Beatles, o recentemente falecido George Martin, chegou a dizer que Noel Gallagher, cantor e guitarrista do Oasis, é “o compositor mais fino de sua geração”. E talvez tivesse razão... se alguns de seus sucessos fossem dele. Entre outros artistas, Noel se inspirou demais em Stevie Wonder, Monthy Python, Gary Glitter, Serge Gainsbourg, Pink Floyd, The Doors e até Johann Sebastian Bach. Mas o caso mais flagrante é o da música Cigarrettes and Alcohol, na qual fuzilou acordes e ritmos da celebérrima Get it on, de T. Rex; sem dúvida, teve de pagar com juros os direitos autorais.
A marca Coca-Cola também o denunciou, por plagiar a música de um comercial dos anos setenta (I’d like to teach the world to sing) em sua canção Shakermaker. Depois de indenizar a marca de refrigerantes, Gallagher declarou zombeteiro: “A partir de agora só tomarei Pepsi”.
Os Gallagher chegam longe demais idolatrando suas influências:
FONTE: EL PAÍS