Sua trajetória na Jovem Guarda, movimento que ele considera injustiçado, estará emMinha Fama de Mau, filme com Chay Suede no papel do cantor, que deve ser lançado em 2016. Antes, os fãs conferem sua vitalidade no Rock in Rio 2015, em dois momentos: 18 de setembro, no Palco Mundo, em show celebrando os 30 anos do festival; e no dia 26, no Palco Sunset, ao lado do Ultraje a Rigor. Nas horas vagas, Erasmo, que há quatro anos tem uma namorada, Célia – mas não fala muito sobre ela –, confessa não perder a novela das 9. E expõe sua vaidade: “Tenho horror a sobrancelha despenteada!”.
QUEM: Como é a rotina na estrada?
ERASMO CARLOS: Faço de três a 15 shows por mês. Apresentar-se todo dia é fácil, é só você diminuir seu preço. Mas para manter uma linha de profissionalismo é preciso selecionar. Quanto ao cansaço físico, com duas horas de sono estou bem. Tento ficar em paz com minha cabeça, pois é ela quem leva o corpo aonde dá. Também não bebo mais. Tomo só uma dosezinha de uísque antes do show para descontrair.
QUEM: Há quanto tempo parou de beber para valer?
EC: Há uns 15 anos. Tudo que fiz, as coisas certas e as erradas, foram boas porque me formaram, e amo o homem que sou hoje. Mas a bebida se transformou em um entrave na minha vida, me atrapalhou muito.
QUEM: Diria que foi um alcoólatra?
EC: Claro que fui, deveria até ser criada outra denominação para o que eu fui. Às 9h da manhã eu já estava bebendo vodca, uísque, cachaça, qualquer coisa. A dependência é terrível, você se anula como ser humano, vira o chavão do farrapo humano, perde o respeito por si mesmo e ainda mais pelos outros. Há ainda consequências: pânicos, delírios. O alcoolismo é uma doença.
QUEM: O que fez você parar?
EC: Foi a consciência, a minha família, ver meus netos nascendo. A vida foi me mostrando que ela é bonita, sempre nasce e renasce. Não foi um estalo, mas uma evolução.
QUEM: Como é o Erasmo avô e pai?
EC: Meus netos contam comigo para qualquer coisa, mas nunca dei palpite na educação deles. Os meus filhos foram educados com amor, que é e sempre foi a base da minha vida. É o amor que fortalece o ser humano e a família. Convivo muito com meus filhos, Gil, que é baterista, e Leonardo, que cuida da minha vida e da gravadora. Estou aprendendo a viver sem o Alexandre, que morreu.
QUEM: Consegue?
EC: Tem que tocar a vida. Primeiro é entender que foi uma fatalidade. Depois, é aprender a conviver sem as coisas dele. Isso é difícil. Estou cercado de bilhetes e discos do Alexandre, o quarto dele de solteiro aqui em casa ainda está aí. Minha nora levou algumas coisas, mas não me desfiz de nada ainda. Quando a gente se encontra hoje e vai jantar fora, a mesa não é a mesma coisa, o churrasco que a gente faz não é o mesmo... Falta a alegria dele.
QUEM: Alguma vez se perguntou: “Por que eu”?
EC: Não, jamais. Isso é o fim do egoísmo humano. É uma coisa terrível quando a pessoa diz: “Por que eu, por que não com outra pessoa em vez do meu filho?”. São pensamentos que expulso da minha cabeça. Mas o filho ir antes do pai foge da ordem natural das coisas, é uma dor muito grande. O que é ruim também acontece com todo mundo. A minha cota eu tenho que saber administrar. Não posso achar que é só comigo ou que sou azarado.
ERASMO CARLOS: Faço de três a 15 shows por mês. Apresentar-se todo dia é fácil, é só você diminuir seu preço. Mas para manter uma linha de profissionalismo é preciso selecionar. Quanto ao cansaço físico, com duas horas de sono estou bem. Tento ficar em paz com minha cabeça, pois é ela quem leva o corpo aonde dá. Também não bebo mais. Tomo só uma dosezinha de uísque antes do show para descontrair.
QUEM: Há quanto tempo parou de beber para valer?
EC: Há uns 15 anos. Tudo que fiz, as coisas certas e as erradas, foram boas porque me formaram, e amo o homem que sou hoje. Mas a bebida se transformou em um entrave na minha vida, me atrapalhou muito.
QUEM: Diria que foi um alcoólatra?
EC: Claro que fui, deveria até ser criada outra denominação para o que eu fui. Às 9h da manhã eu já estava bebendo vodca, uísque, cachaça, qualquer coisa. A dependência é terrível, você se anula como ser humano, vira o chavão do farrapo humano, perde o respeito por si mesmo e ainda mais pelos outros. Há ainda consequências: pânicos, delírios. O alcoolismo é uma doença.
QUEM: O que fez você parar?
EC: Foi a consciência, a minha família, ver meus netos nascendo. A vida foi me mostrando que ela é bonita, sempre nasce e renasce. Não foi um estalo, mas uma evolução.
QUEM: Como é o Erasmo avô e pai?
EC: Meus netos contam comigo para qualquer coisa, mas nunca dei palpite na educação deles. Os meus filhos foram educados com amor, que é e sempre foi a base da minha vida. É o amor que fortalece o ser humano e a família. Convivo muito com meus filhos, Gil, que é baterista, e Leonardo, que cuida da minha vida e da gravadora. Estou aprendendo a viver sem o Alexandre, que morreu.
QUEM: Consegue?
EC: Tem que tocar a vida. Primeiro é entender que foi uma fatalidade. Depois, é aprender a conviver sem as coisas dele. Isso é difícil. Estou cercado de bilhetes e discos do Alexandre, o quarto dele de solteiro aqui em casa ainda está aí. Minha nora levou algumas coisas, mas não me desfiz de nada ainda. Quando a gente se encontra hoje e vai jantar fora, a mesa não é a mesma coisa, o churrasco que a gente faz não é o mesmo... Falta a alegria dele.
QUEM: Alguma vez se perguntou: “Por que eu”?
EC: Não, jamais. Isso é o fim do egoísmo humano. É uma coisa terrível quando a pessoa diz: “Por que eu, por que não com outra pessoa em vez do meu filho?”. São pensamentos que expulso da minha cabeça. Mas o filho ir antes do pai foge da ordem natural das coisas, é uma dor muito grande. O que é ruim também acontece com todo mundo. A minha cota eu tenho que saber administrar. Não posso achar que é só comigo ou que sou azarado.
QUEM: Como lidou com essa perda? Fez terapia?
EC: Nem terapia, nem remédio, nem padre. O meu remédio é meu trampo. Todo mundo tem um analista que não custa nada: o próprio travesseiro. Ele é analista para pensar nas coisas, botar a vida em dia e fazer análise sem freios nem orgulhos.
QUEM: Como é a relação com fãs?
EC: Quando comecei a trabalhar com internet, me assustei com a agressividade. Era chamado de zumbi, diziam que se eu levantasse as mãos Jesus chamaria, que se fechasse os olhos minha família começaria a rezar. Ninguém falava que minha música era ruim, só da velhice. Hoje até acho certas brincadeiras criativas, mas na época fiquei injuriado. Estava acostumado com tapinha nas costas, porque ao vivo não agridem você.
QUEM: Você já disse que usou drogas. Nunca teve medo?
EC: Nos anos 60, estava todo mundo conhecendo a coisa, que chegou com a contracultura. E, quando a gente é jovem, não tem medo de nada. Você se joga de uma montanha porque, se alguém diz que vai criar asas no meio do caminho, você acredita. É coisa da idade.
QUEM: Hoje tem medo de quê?
EC: De nada. Não tenho medo da morte, mas da forma de morrer, porque não quero dar trabalho algum aos outros e também não quero sofrer muito.
QUEM: Você sempre foi vaidoso. Quais são as suas vaidades hoje?
EC: Tenho horror a sobrancelha despenteada! Quem quiser que use e faça até tranças de Rapunzel, mas eu não acho legal. Não tenho cuidados, uso só desodorante, perfume e sabonete. Não sigo a moda. Nada para mim é novidade, tudo já fiz. A única coisa que me recuso a vestir é calça saruel, a pior invenção até hoje. Cabelo eu já nem ligo mais, até porque não tenho (risos).
QUEM: Depois de sua ex-mulher, Nara (morta em 1995), encontrou um novo amor?
EC: Tenho alguém, meu coração está muito bem cuidado. Sou um sonhador, acredito em encontro de mercado, duas pessoas se esbarrando, compras no chão. Não saio por aí caçando mulher, queria que as coisas acontecessem naturalmente. Aí veio (o amor) e caiu na minha vida. Há quatro anos sou namorado da Célia...
QUEM: Pode falar de Célia?
EC: Há coisas da minha vida que ninguém nunca vai saber.
QUEM: Você é romântico?
EC: Do meu jeito, eu sou. Se o piegas é legal, é para ser piegas. Mando flores, faço bilhetinhos mil. O rock é uma linguagem universal, mas na hora do amor nada como uma música tranquila. Fazer amor com heavy metal não dá.
QUEM: Qual é a concepção mais errada que as pessoas têm da Jovem Guarda?
EC: É pensar que ela não contribuiu em nada para o Brasil. Isso é uma grande injustiça, porque as batalhas não se dão apenas com quem está na frente. A gente contribuiu com nossa proposta, facilitando a liberdade individual, embora o movimento não seja reconhecido pela intelectualidade.
QUEM: Em algum momento imaginava a dimensão da Jovem Guarda?
EC: Não. Era uma festa, uma brincadeira que dava certo e com a qual se ganhava dinheiro. Ninguém tinha noção de nada.
QUEM: No primeiro Rock in Rio, em 1985, você foi vaiado pelo público. Como encarou?
EC: Eu e vários outros. Foi um choque, cantamos no dia dos metaleiros. Mas fiz outras edições do festival muito boas, como a de 2011, no Rio, e a de 2012, em Lisboa. Foi um bálsamo de felicidade, um público de crianças e famílias, com o astral que eu queria em 1985. Estou animado em tocar com o Ultraje. Adoro a banda, que tem a irreverência e o deboche de que eu gosto muito.
QUEM: Você já tocou com muita gente. É verdade que seu sonho é fazer um show com João Gilberto?
EC: João Gilberto? Quem sou eu para fazer show com ele! Nunca vi João no palco e nem vou. Ele não gosta de barulho, e sou do tipo que, se é para fazer silêncio, fico com vontade de tossir (risos).
EC: Nem terapia, nem remédio, nem padre. O meu remédio é meu trampo. Todo mundo tem um analista que não custa nada: o próprio travesseiro. Ele é analista para pensar nas coisas, botar a vida em dia e fazer análise sem freios nem orgulhos.
QUEM: Como é a relação com fãs?
EC: Quando comecei a trabalhar com internet, me assustei com a agressividade. Era chamado de zumbi, diziam que se eu levantasse as mãos Jesus chamaria, que se fechasse os olhos minha família começaria a rezar. Ninguém falava que minha música era ruim, só da velhice. Hoje até acho certas brincadeiras criativas, mas na época fiquei injuriado. Estava acostumado com tapinha nas costas, porque ao vivo não agridem você.
QUEM: Você já disse que usou drogas. Nunca teve medo?
EC: Nos anos 60, estava todo mundo conhecendo a coisa, que chegou com a contracultura. E, quando a gente é jovem, não tem medo de nada. Você se joga de uma montanha porque, se alguém diz que vai criar asas no meio do caminho, você acredita. É coisa da idade.
QUEM: Hoje tem medo de quê?
EC: De nada. Não tenho medo da morte, mas da forma de morrer, porque não quero dar trabalho algum aos outros e também não quero sofrer muito.
QUEM: Você sempre foi vaidoso. Quais são as suas vaidades hoje?
EC: Tenho horror a sobrancelha despenteada! Quem quiser que use e faça até tranças de Rapunzel, mas eu não acho legal. Não tenho cuidados, uso só desodorante, perfume e sabonete. Não sigo a moda. Nada para mim é novidade, tudo já fiz. A única coisa que me recuso a vestir é calça saruel, a pior invenção até hoje. Cabelo eu já nem ligo mais, até porque não tenho (risos).
QUEM: Depois de sua ex-mulher, Nara (morta em 1995), encontrou um novo amor?
EC: Tenho alguém, meu coração está muito bem cuidado. Sou um sonhador, acredito em encontro de mercado, duas pessoas se esbarrando, compras no chão. Não saio por aí caçando mulher, queria que as coisas acontecessem naturalmente. Aí veio (o amor) e caiu na minha vida. Há quatro anos sou namorado da Célia...
QUEM: Pode falar de Célia?
EC: Há coisas da minha vida que ninguém nunca vai saber.
QUEM: Você é romântico?
EC: Do meu jeito, eu sou. Se o piegas é legal, é para ser piegas. Mando flores, faço bilhetinhos mil. O rock é uma linguagem universal, mas na hora do amor nada como uma música tranquila. Fazer amor com heavy metal não dá.
QUEM: Qual é a concepção mais errada que as pessoas têm da Jovem Guarda?
EC: É pensar que ela não contribuiu em nada para o Brasil. Isso é uma grande injustiça, porque as batalhas não se dão apenas com quem está na frente. A gente contribuiu com nossa proposta, facilitando a liberdade individual, embora o movimento não seja reconhecido pela intelectualidade.
QUEM: Em algum momento imaginava a dimensão da Jovem Guarda?
EC: Não. Era uma festa, uma brincadeira que dava certo e com a qual se ganhava dinheiro. Ninguém tinha noção de nada.
QUEM: No primeiro Rock in Rio, em 1985, você foi vaiado pelo público. Como encarou?
EC: Eu e vários outros. Foi um choque, cantamos no dia dos metaleiros. Mas fiz outras edições do festival muito boas, como a de 2011, no Rio, e a de 2012, em Lisboa. Foi um bálsamo de felicidade, um público de crianças e famílias, com o astral que eu queria em 1985. Estou animado em tocar com o Ultraje. Adoro a banda, que tem a irreverência e o deboche de que eu gosto muito.
QUEM: Você já tocou com muita gente. É verdade que seu sonho é fazer um show com João Gilberto?
EC: João Gilberto? Quem sou eu para fazer show com ele! Nunca vi João no palco e nem vou. Ele não gosta de barulho, e sou do tipo que, se é para fazer silêncio, fico com vontade de tossir (risos).
FOTOS: ZÔ GUIMARÃES/ED. GLOBO
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