ATORES RELEMBRAM INÍCIO DA CARREIRA NA TV EM 'O REI DO GADO'

Emílio Orciollo Netto, Lavinia Vlasak, Marcello Antony e Caco Ciocler em "O rei do gado" (Foto: CEDOC)

Marcello Antony, Lavínia Vlasak, Caco Ciocler e Emílio Orciollo Netto conversaram com o EGO sobre a volta da novela "O rei do gado", nesta segunda, 12, no "Vale a pena ver de novo". O que os atores têm em comum? A trama, escrita por Benedito Ruy Barbosa e dirigida por Luiz Fernando Carvalho em 1996, marcou a estreia dos quatro na televisão. Eles relembraram bastidores da trama e como conseguiram seus papéis.

Lavínia Vlasak

Lavínia Vlasak aos 19 anos e agora, aos 38 (Foto: CEDOC e Alex Carvalho/Globo)

A atriz tinha 19 anos quando pisou num estúdio de TV pela primeira vez. Após os testes, ela ficou com o papel de Lia, filha de Bruno Mezenga (Antônio Fagundes). Quando estava tudo certo, no entanto, a atriz pensou em desistir. "Já fazia teatro na escola e profissionalmente desde os 15, mas tinha muito medo de começar na TV, sempre achei que o caminho era dominar o palco e a técnica vocal para só então fazer televisão e cinema. Estava ensaiando uma peça e quase não aceitei. O Jorge Pontual, meu namorado na época, disse: 'Você tem que aceitar, não é todo dia que se faz a filha do Fagundes', mas eu tinha medo de fazer mal a personagem e perder a chance de ter uma carreira", recorda.

O esforço foi tanto que Lavínia abriu mão de algumas coisas: "Estava tão focada em fazer um bom trabalho que nem fui na festa da novela, fiquei em casa decorando texto pois tinha 23 cenas no dia seguinte, algumas de cinco páginas. Com o tempo fui relaxando e, quando o nervosismo deu lugar ao prazer, foi delicioso."

A atriz só guarda boas lembranças da equipe. "Luiz Fernando Carvalho é um gênio, foi a melhor estreia que eu poderia ter. Ganhei todos os prêmios daquele ano, foi um marco pessoal", vibra. Aos 38 anos e com dois filhos - Felipe, de 6 anos, e Estela, de 2 -, ela pretende rever pela primeira vez suas cenas. "Vai ser bem curioso, vou mostrar aos meus filhos: 'Olha como a mamãe era aos 19 anos', mas como era uma novela das 20h,vou mostrar só algumas cenas (risos)".

Marcello Antony

Marcello Antony: antes e depois (Foto: CEDOC e Zé Paulo Cardeal/Globo)

Ele fazia a Oficina de Atores da Globo quando chamou a atenção do diretor. Depois de testes, conquistou o papel de Bruno Berdinazzi. Apesar de participar apenas da primeira fase da história, Marcello recorda que o laboratório para compor o personagem foi intenso. "Fiquei dois meses em Amparo (interior de SP) vivenciando a rotina do cara do campo que trabalha com café. Acordava às 4h30 da manhã, almoçava às 10h30, e também fui para a Itália porque meu personagem era um pracinha da Segunda Guerra Mundial."

O ator é só elogios à equipe. "Foi um trabalho atemporal. Mesmo retratando uma época, esse conflito Mezenga/Berdinazzi ficou marcado, a rivalidade entre as famílias é o nosso 'Romeu e Julieta'. Tenho saudade de ver os trabalhos do Benedito e fazê-los", conta ele, que vai botar para gravar a reprise, enquanto se prepara para viver o irmão de Charlie Chaplin no teatro, em março: "Soube das outras reprises porque a mãe liga dizendo que está passando (risos). Mas agora quero ver de novo".

Caco Ciocler

Caco Ciocler na novela e atualmente (Foto: CEDOC/Globo, Alex Palarea e Felipe Assumpção/Agnews)

Um ano antes da estreia da trama, Caco se dividia entre a faculdade de Engenharia Química e a Escola de Arte Dramática (EAD). "Fazia dois espetáculos diferentes nos finais de semana. Alguém me viu em algum deles e recebi um telefonema me chamando para um teste. Fiz junto com o Manoel Boucinhas, que era meu colega de turma na EAD. Quando terminou, perguntei ao Luiz Fernando Carvalho se poderíamos fazer novamente a cena, mas com os papéis invertidos. Ele deixou, e assim fizemos a novela", recorda.

Foi um momento de decisões importantes, recorda: "Foi uma experiência tensa para mim. Eu estava dividido entre um futuro como engenheiro e o sonho de poder viver de arte. Além disso, soube uma semana antes do convite para a novela que iria ser pai. Morava ainda na casa de meus pais, minha vida estava um caos. Então essa novela para mim era mais do que apenas um trabalho, era a possibilidade concreta do início de uma nova vida. Eu teria que abandonar a engenharia, sair da casa dos meus pais, criar um filho, uma familia... Aquilo tinha que dar certo".

Emendando vários trabalhos na TV e no teatro desde então, Caco não esconde o quanto "O rei do gado" foi decisiva em sua trajetória. "A novela viabilizou a mudança de vida que eu levava para a vida que eu sonhava. Foi o início de tudo. Sem ela, naquele momento, eu sinceramente não sei o que teria sido de mim", afirma.

Ele é outro que promete rever a saga italiana: "Não tenha dúvida. Vou poder matar um pouco a saudade daquela época, dos amigos, e do saudoso Raul Cortez".

Emilio Orciollo Netto

Emilio Orciollo Netto (Foto: CEDOC e Alex Carvalho/Globo)

Ele revela que, aos 21 anos, não pensava em ir para a TV. Assim como Caco, Emilio também cursava a Escola de Arte Dramática quando fez o teste. "Eu era muito garoto, minha ideia era fazer teatro, não tinha pretensão de novela. Mas quando vi, me apaixonei pela linguagem da TV, fui bem recebido pelo Raul Cortez, Glória Pires... A gente precisa de oportunidade na vida, e o Luiz Fernando Carvalho acreditou no meu trabalho", diz o ator, que voltou a trabalhar com o diretor este ano para gravar a minissérie "Dois irmãos".

Emilio se diverte ao lembrar como chegava ao estúdio. "No teatro a gente carrega o figurino e coloca os adereços em cena. Eu chegava mais cedo e levava o meu figurino na mala pro set, todo mundo dava risada". "O rei do gado" tem um lugar cativo em suas emoções. "Aprendi muito com Raul Cortez, minha grande lembrança é o grande ator que ele era. Passei 15 dias na Itália e as pessoas achavam que eu era italiano. Tenho essa novela no coração, é um novelão".

AUTOR: EGO