Consuelo (Arlete Salles): ostentação pode! (Foto: Alex Carvalho /TV Globo)
A evangélica Consuelo Pimenta é a única personagem realmente cômica de Babilônia. Mas o humor não é nada leve. Está mais para panfletário. Os autores a utilizam para ironizar os novos ricos, os obcecados por fama e os conservadores que usam a religião para justificar posições polêmicas, denunciadas na trama como preconceitos.
A personagem defendida com entusiasmo e inspiração por Arlete Salles vocifera a todo momento contra pobres, gays, ateus e pessoas de outras religiões. Agora está numa fase ‘cada mergulho, um flash’: quer ser celebridade. Iludida pelo malandro Luís Fernando (Gabriel Braga Nunes), lançou-se apresentadora de um programa de entrevistas com famosos na internet.
“Já estou ‘causando’ há muito tempo. O mundo é que não sabe disso. Mas vai saber”, prometeu Consuelo no capítulo de sábado (20). O dinheiro para realizar as gravações sairá dos cofres da prefeitura de Jatobá, comandada pelo filho dela, o inescrupuloso Aderbal (Marcos Palmeira).
O deslumbramento e as atitudes imorais de Consuelo são uma crítica dos roteiristas aos cristãos que apoiaram um boicote a Babilônia por conta do beijo gay entre Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathália Timberg).
A personagem é apresentada como uma caricatura do radicalismo religioso e, ao mesmo tempo, representa as acusações frequentemente feitas a alguns líderes evangélicos, como enriquecimento ilícito e o uso da mídia para manipular os fiéis.
Questionada pela família se a obsessão de ser famosa não seria vaidade e, portanto, pecado, Consuelo teve um ataque de sincericídio: “Sim, vaidade é pecado. Ostentação, não!”. E tenta argumentar: “Eu tenho objetivo oculto: exaltar as obras do Senhor. Mostrar aos nossos irmãos na fé que o Senhor recompensa com prosperidade a quem o louva, como nós.”
No caso de Consuelo, prosperidade significa morar num apartamento com decoração cafona (comprado com propina), circular em carro importado, ter um mordomo esnobe, sair nas colunas sociais e ser amiga íntima de sua ‘ídola’, a atriz Susana Vieira.
Ou seja, a prosperidade tão pregada por algumas correntes de evangélicos é representada em Babilônia com dose generosa de futilidade e ilicitude. A cada vez que Consuelo começa a citar sua religião, o telespectador pode esperar autoironia carregada de crítica.
Dominada pelo ego, Consuelo acredita mesmo que será uma estrela do entretenimento: “Daqui a pouco tem uma fila de famosos querendo ser entrevistados por mim. Puro chiquê em HD”.
É caso para exorcismo.
AUTOR: Sala de TV
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