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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

MORRE GENE HACKMAN: O QUE SE SABE SOBRE A MORTE DO PREMIADO ATOR E SUA ESPOSA

Gene Hackman com a esposa Betsy Arakawa no Globo de Ouro de 2003 Getty Images

O astro americano de cinema Gene Hackman, sua esposa, Betsy Arakawa, e seu cachorro foram encontrados mortos em sua casa em Santa Fé, no Estado do Novo México, informaram as autoridades americanas nesta quinta-feira (27/2).

Em uma carreira de mais de seis décadas, Hackman recebeu dois Oscars por seu trabalho em Operação França (melhor ator protagonista) e Os Imperdoáveis (melhor ator coadjuvante).

Uma declaração do xerife do condado de Santa Fé, no Novo México, disse: "Podemos confirmar que Gene Hackman e sua esposa foram encontrados mortos na tarde de quarta-feira (26/2) em sua residência na Sunset Trail.

"Esta é uma investigação em andamento — no entanto, neste momento não acreditamos que crime tenha sido um fator [nas mortes]."

Hackman tinha 95 anos e sua esposa, 64, ela era pianista clássica.
Gene Hackman e Betsy Arakawa Reprodução YouTube/ Instagram @thecitycelebs

Ele ganhou o Oscar de melhor ator por seu papel como Jimmy "Popeye" Doyle no suspense Operação França, de William Friedkin, em 1971, e também de melhor ator coadjuvante por interpretar Little Bill Daggett no filme de faroeste Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood, em 1992.

Seus outros papéis indicados ao Oscar foram no filme Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas, de 1967, como Buck Barrow, em seu papel de destaque, e em Meu Pai, um Estranho, de 1970, além de um agente policial em Mississippi em Chamas (1988).

O gabinete do xerife do Condado de Santa Fé disse: "Em 26 de fevereiro de 2025, aproximadamente às 13h45, os policiais do Condado de Santa Fé foram enviados a um endereço na Old Sunset Trail, em Hyde Park, onde Gene Hackman, 95, e sua esposa Betsy Arakawa, 64, e um cachorro foram encontrados mortos."
Gene Hackman é um dos atores mais conhecidos de sua geração Getty Images

O astro interpretou mais de cem papéis em sua vida, incluindo Lex Luthor em filmes do Superman nas décadas de 1970 e 1980.

Ele também estrelou os filmes de sucesso O Júri, A Conversação (de Francis Ford Coppola) e Os Excêntricos Tenenbaums (de Wes Anderson).

Além de ganhar o Oscar, ele também ganhou dois Bafta, quatro Globos de Ouro e um Screen Actors Guild Award.

Sua última aparição no cinema foi como Monroe Cole em Uma Eleição Muito Atrapalhada, em 2004. Depois disso, ele se afastou de Hollywood para viver uma vida mais tranquila no Novo México.
Gene Hackman esteve em Bonnie e Clyde com Warren Beatty Getty Images
Nascido na Califórnia em 1930, Hackman se alistou no exército aos 16 anos, tendo mentido sobre sua idade. Ele serviu por quatro anos e meio.

Ele foi destacado para a China, Havaí e Japão antes de ser dispensado em 1951.

Após o serviço militar, depois de viver e trabalhar em Nova York e estudar jornalismo e produção televisiva na Universidade de Illinois, ele decidiu voltar para a Califórnia para perseguir seu sonho de virar ator.

Hackman ingressou na companhia de teatro Pasadena Playhouse na Califórnia, onde fez amizade com o jovem Dustin Hoffman.

"Acho que eu queria ser ator desde os meus 10 anos, talvez até mais novo que isso", ele disse, em entrevista. "[Por causa de] lembranças dos primeiros filmes que eu tinha visto e atores que eu admirava, como James Cagney, Errol Flynn, esses caras de filmes românticos de ação."

"Quando vi aqueles atores, senti que poderia fazer isso. Mas fiquei em Nova York por cerca de oito anos antes de ter um emprego. Vendi sapatos femininos, lustrei móveis de couro, dirigi um caminhão."

"Acho que se você tem força e quer muito, você consegue."

Ele acrescentou que "queria atuar", mas "sempre esteve convencido de que os atores tinham que ser bonitos".

"Isso veio dos dias em que Errol Flynn era meu ídolo. Eu saía do teatro e ficava assustado quando olhava no espelho porque eu não me parecia com Flynn. Eu me sentia como ele."
Gene Hackman ganhou Oscar pelo filme Operação França Getty Images

Ele voltou para Nova York em 1963, atuando em produções de teatro fora do circuito da Broadway e com papéis menores na TV.

Foi na década de 1970 que ele começou a ganhar fama, primeiro como o detetive de Nova York Jimmy "Popeye" Doyle, o protagonista de Operação França.

A partir daí, ele se tornou uma figura conhecida do cinema em filmes de catástrofe como O Destino do Poseidon, de 1972.

Hackman e sua primeira esposa, Faye Maltese, ficaram juntos por 30 anos e criaram três filhos antes de se divorciarem em 1986.

Em seus últimos anos, ele e sua segunda esposa, Betsy, uma pianista clássica, ficaram longe dos holofotes, exceto por uma rara aparição pública juntos no Globo de Ouro de 2003, onde ele ganhou o prêmio Cecil B. deMille.

Em 2008, ele disse à Reuters: "Não dei uma entrevista coletiva para anunciar minha aposentadoria, mas sim, não vou mais atuar."

"Nos últimos anos, me disseram para não dizer isso, caso surgisse algum papel realmente maravilhoso, mas eu realmente não quero mais fazer isso."

Ele disse que estava se concentrando em sua paixão por escrever romances.

"Fui treinado para ser ator, não uma estrela. Fui treinado para interpretar papéis, não para lidar com fama, agentes, advogados e imprensa", ele disse, em entrevista.

"Realmente me custa muito emocionalmente me assistir na tela. Penso em mim mesmo, e me sinto muito jovem, mas quando me olho [nos filmes] vejo esse velho com queixos largos, olhos cansados, entradas no cabelo e tudo mais."

FONTE: BBC

domingo, 23 de fevereiro de 2025

MORRE LILIAN KNAPP. VOZ DOCE DA JOVEM GUARDA AOS 76 ANOS

A cantora e compositora carioca Lilian (1948 – 2025) iria fazer 77 anos em março — Foto: Divulgação

♫ OBITUÁRIO

♪ Em 2000, Lilian Knapp e Renato Barros (1943 – 2020) subiram ao palco do Programa Silvio Santos, no SBT, para receber o Troféu Imprensa na categoria Música do ano por Devolva-me, canção tristonha de autoria dos dois artistas.

De fato, a música Devolva-me fez grande sucesso em 2000 na gravação de Adriana Calcanhotto e se tornou um dos maiores hits daquele ano. Mas estava longe de ser inédita. Devolva-me tinha sido apresentada ao Brasil em 1966, em pleno reinado da Jovem Guarda, em gravação da dupla Leno e Lilian.

Leno era o nome artístico do cantor, compositor e guitarrista potiguar Gileno Osório Wanderley de Azevedo (25 de abril de 1949 – 8 de dezembro de 2022). Lilian era a cantora e compositora carioca Sílvia Lílian Barrie Knapp (30 de março de 1948 – 22 de fevereiro de 2025), também conhecida como Lilian Knapp. A dupla tinha sido formada em 1965 e marcou época na Jovem Guarda.

Lilian morreu ontem, sábado, 22 de fevereiro, aos 76 anos, em consequência de tumor agressivo na pelve. A cantora estava internada há duas semanas. A morte foi confirmada pelo marido da artista, o baterista e produtor musical Cadu Nolla, em rede social e também foi comunicada no perfil oficial da cantora no Instagram.

Lilian viveu dois períodos de auge na carreira iniciada em 1965 em dupla com Leno. Em março de 1966, Leno e Lilian lançaram single com as músicas que se tornariam os maiores hits da dupla, Devolva-me e Pobre menina. Pobre menina é versão em português escrita por Leno a partir de Hang on sloopy (Bert Russell e Wes Farrell, 1965), sucesso do grupo norte-americano de rock The McCoys. As duas músicas integraram o primeiro álbum da dupla, Leno e Lilian, lançado em 1966.

Em setembro de 1967, um mês antes da edição do segundo LP da dupla, Não acredito, Leno e Lilian lançaram single com a música que se tornaria o terceiro maior hit do duo, Coisinha estúpida, versão em português de Leno para Something stupid (Clarence Carson Parks, 1966), hit mundial naquele ano de 1967 no dueto de Frank Sinatra (1915 – 1998) com a filha Nancy Sinatra.

O canto de cisne da dupla Leno e Lilian foi EP editado em fevereiro de 1968 com quatro faixas do álbum Não acredito. Foi o (primeiro) fim da dupla.

Desfeita no auge do sucesso, a dupla Leno & Lilian foi remontada em 1972, mas essa segunda fase – que durou até 1974 e teve gravações inéditas produzidas por Raul Seixas (1945 – 1989) – não foi bem-sucedida. O que ficou na memória foram os sucessos da dupla na fase inicial da Jovem Guarda.

Contudo, Lilian voltaria às paradas com força em 1978. Neste ano, a cantora liderou as playlists com a gravação de Sou rebelde (1978), versão em português, escrita por Paulo Coelho, de Soy rebelde (Manuel Alejandro e Ana Magdalena, 1971), canção espanhola lançada sete anos antes pela cantora Jeanette. Sou Rebelde ganharia regravações de Chico César e Alice Caymmi, além da Banda Vexame, liderada pela atriz Marisa Orth.

O sucesso de Sou rebelde motivou a companhia fonográfica RCA Victor a investir na gravação e edição do primeiro álbum solo de Lilian, lançado em 1979 com o nome da cantora no título. O LP foi promovido com o single Uma música lenta, mas, embora tenha tocado nas rádios, a balada de Roberto Livi e Alessandro esteve longe de bisar o sucesso de Soy rebelde.

Lilian ainda lançou singles entre 1980 e 1983, mas todos sem repercussão artística e comercial. Tanto que, ao longo da década de 1980, a artista atuou basicamente como backing vocal em discos de nomes da MPB. A retomada da carreira fonográfica aconteceria somente em 1992, ano de outro álbum solo intitulado Lilian e calcado em mix de regravações de sucessos da artista e músicas inéditas na voz da cantora.

Seguiu-se, em 2001, o álbum Lilian Knapp. Em 2008, a cantora apostou no projeto de rock underground Kynna, em parceria com o guitarrista Luiz Carlini e com o baterista Cadu Nolla, com quem ficaria casada por cerca de 35 anos.

Para sempre associada à dupla com Leno da Jovem Guarda e ao sucesso solo Sou rebelde, Lilian Knapp tinha voz doce, eternizada na memória afetiva de quem consumiu a música popular romântica dos anos 1960 e 1970.
YOUTUBE

FONTE: G1

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

NO RIO DE JANEIRO (RJ): MORRE AOS 84 ANOS O CINEASTA CACÁ DIEGUES

Ao longo de sua carreira, o cineasta fez mais de 20 filmes de longa-metragem Foto: Reprodução / Instagram

Morreu na madrugada desta sexta-feira (14) o produtor, diretor e cineasta Cacá Diegues, aos 84 anos. Segundo informações do g1, ele sofreu complicações durante uma cirurgia e não resistiu. 

Carlos José Fontes Diegues nasceu em Maceió no dia 19 de maio de 1940, mas se mudou para o Rio de Janeiro com a família ainda na infância. Antes de se tornar cineasta, chegou a estudar Direito na PUC.

Cacá Diegues foi um dos fundadores do movimento do cinema novo, ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni, Joaquim Pedro de Andrade e outros cineastas. Ele também foi imortal da Academia Brasileira de Letras. 

Cinema

Ao longo de sua carreira como cineasta, Diegues fez mais de 20 filmes de longa-metragem. Entre os mais premiados estão "Xica da Silva" (1976), "Bye Bye Brasil" (1980), "Veja esta canção" (1994) e "Tieta do Agreste" (1995).

Também são obras do cineasta as produções "Deus é brasileiro" (2003), "O maior amor do mundo" (2005) e "O grande circo místico" (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima.

O cineasta era pai de quatro filhos, sendo dois deles do casamento com a cantora Nara Leão. Ele era casado, desde 1981, com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães. Diegues também deixa três netos.

FONTE: DN

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

SAIBA DAS 20 MAIORES FRAUDES DA HISTÓRIA DO POP: VOCALISTAS QUE NÃO CANTAM, MÚSICOS QUE NÃO TOCAM, COMPOSITORES QUE COPIAM...

Rihanna, Milli Vanilli e Oasis, fraudes do pop.

“Sua voz! Você me prometeu sua voz! Não se lembra do nosso contrato?”. As frases do magnata Swan no filme O Fantasma do Paraíso (Brian de Palma, 1976) resumem muito bem os obscuros meandros da indústria discográfica. No filme, vemos um produtor diabólico e implacável criar e destruir artistas, apropriar-se de canções alheias e perseguir o sucesso a todo custo.

Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Desde que o pop é pop, o plágio, a fraude, o roubo e a trapaça são moeda corrente. Neste negócio (e em muitos outros) as aparências enganam e, às vezes, o cantor que aparece nos vídeos não é quem canta, nem o que canta fica com a grana, nem o que compõe é quem aparece nos créditos. O pop é uma selva cheia de armadilhas e miragens; resta ao sofrido público desmascará-los e permanecer atento.

1. Milli Vanilli: 

Um Grammy e milhões de vendas para fazer playback. Em 1987, o produtor discográfico alemão Frank Farian descobriu o francês Fob Morvan e o alemão Rob Pilatus, dois mulatos que dançavam com a cantora Sabrina. Aos olhos de Farian, aquela dupla exótica tinha tudo para triunfar: talento para a dança, desenvoltura e sex appeal. Como não sabiam cantar, o produtor contratou dois vocalistas e um punhado de músicos: eles gravariam os discos, enquanto Fav e Rob moviam as bocas e o esqueleto. Resultado? Venderam milhões de discos e receberam um Grammy.
Milli Vanilli, grandes impostores. Getty

A decepção chegou em 1990, quando um tal de Charles Shaw confessou em um jornal que era ele quem cantava nos discos e que Milli Vanilli eram um par de impostores. Desesperando-se, Rob e Fav pediram a Frank Farian que os acobertasse, mas, receando aumentar o vexame, o produtor optou por reconhecer a verdade publicamente. Pouco depois, a dupla perdeu seu Grammy e foi expulsa de seu selo discográfico.

Depois do escândalo, os Milli gravaram um disco com suas vozes verdadeiras, mas ninguém mais acreditava neles. Rob não assimilou bem o fracasso e acabou morto por overdose em 1998.

2. Jordy:

O menino cantor traído pelos pais. Marisol, Joselito, Nikka Costa… Casos de crianças cantoras existem aos montes, mas nenhum tão precoce e tão fugaz como o do francês Jordy. Seu primeiro êxito, com apenas quatro anos, foi Dur Dur d’Être Bébé! (1992), onde, sobre uma base dance, o menino balbuciava uma letra sobre as tribulações de ser pequeno. Os responsáveis pela música eram seus pais, o produtor Claude Lemoine e a compositora Patricia Clerget, que enriqueceram graças à simpatia do filho. Com seu primeiro disco, Jordy entrou no Livro Guiness de Records como o artista mais jovem (4 anos) a chegar ao número um em todo mundo. O segundo disco manteve o êxito, e uma de suas canções foi incluída no filme Olhe quem está falando também (1993). Mas o terceiro fracassou.
Enquanto isso, os pais do Jordy dilapidaram a fortuna do seu filho e até montaram A fazenda de Jordy, uma fracassada atração turística. Falido, o casal se divorciou e o bebê voltou para a escola. Quando chegou à maioridade não restava nem um centavo de todo aquele dinheiro que tinha ganhado quando criança, e acabou fazendo reality shows.

3. U2:

Show ao vivo cheio de som enlatado. Em 1992, depois de uma mudança radical de imagem e som, a banda irlandesa mais famosa do mundo empreendeu o Zoo TV Tour, uma turnê de shows pelos cinco continentes. Nela, o grupo mudou completamente seu conceito de espetáculo ao vivo, que passou da austeridade das turnês anteriores para um show multimídia. Para poupar trabalho e sincronizar imagens, luzes e sons, Bono e seus companheiros levaram todos os instrumentos pré-gravados. Como frequentemente havia falhas de sincronização, muita gente os acusou de fraude.
Uma das críticas mais mordazes veio do cantor Gene Simmons, do Kiss: “Cobrar 100 dólares pelo ingresso e fazer playback é falta de honestidade”, sentenciou em uma entrevista. O mais curioso é que, mais de uma década depois, o grupo Kiss também foi pego fazendo o mesmo e teve que pedir desculpas no Twitter.

4. Technotronic:

A estonteante garota da capa não sabe cantar. O grupo belga de eurodance foi idealizado pelo produtor Jo Bogaert, pseudônimo de Thomas de Quincey. Quando lançaram seu primeiro disco de house music, Pump up the Jam (1989), a garota que aparecia na capa e no vídeo era a estonteante modelo Felly Kilingi, mas quem cantava era Manuela Kamosi, ou Kid K, muito menos atraente.

Em 2009, coincidindo com o vigésimo aniversário do disco, MC Eric, o outro membro da dupla, explicava a fraude no El País: “Kid K assinou um contrato ilegal porque era menor de idade. Quando todo mundo se deu conta, era tarde, porque a canção já era um sucesso nos clubes. Assim encontraram essa garota que parecia africana e tinha uma imagem muito forte. A empresa a escolheu sem que soubéssemos”.
A gravadora decidiu colocar esta menina na capa já que a que cantava não era bonita o suficiente.

Retificaram a partir do disco seguinte, com a cantora aparecendo em todas as fotos e vídeos e tocando muito ao vivo. Mas o sucesso nunca voltou.

5. Leonard Cohen:

Enganado pela empresária e amante, que fugiu com o dinheiro. Em 1994, farto do burburinho mundano, o cantor e compositor Leonard Cohen tomou a decisão de raspar a cabeça, virar monge e trancar-se em um mosteiro zen em Mount Baldy, Los Angeles.

Antes de aposentar-se, deixou seus assuntos econômicos nas mãos de uma pessoa de confiança, Kelly Lynch, sua assessora financeira e amante esporádica por 17 anos. Mas, traindo sua confiança, Lynch fugiu com os cinco milhões de dólares que Cohen tinha economizado para a aposentadoria, deixando-o quase falido.
Leonard Cohen teve de sair em turnê depois que sua empresária fugiu com todo o seu dinheiro. Pelo menos desfrutamos do som ao vivo. Cordon

Com isso, o artista teve de largar a vida monástica para voltar à estrada e ganhar um pouco de dinheiro. E Kelly Lynch foi condenada a 18 meses de prisão.

6. Rihanna:

Plagiando descaradamente. Apesar de ter uma voz preciosa e um corpo exuberante, a cantora de Barbados nunca se caracterizou pela originalidade. Seu R&B efervescente costuma pescar coisas daqui e dali, homenageando e sampleando (colher partes de outras canções) à sua volta. Por exemplo, um de seus maiores sucessos, Don’t stop the music, foi composto com base em Wanna be starting something, de Michael Jackson, que a intérprete sampleou aos borbotões.

Um plágio descarado e deturpador foi Bitch better have my money, uma canção lançada em 2015 que “assassinava” descaradamente uma música da rapper Just Brittany intitulada Betta have my money. Como é evidente, RiRi não se preocupou nem mesmo em mudar o título.
Foto: Mike Segar / REUTERS

A prova do plágio de Rihanna:

7. Boney M.:

O cantor não canta, mas se o público quiser... Em 1975, o grupo ABBA arrasava no mundo inteiro. Foi então que o produtor alemão Frank Farian (que anos depois criaria o Milli Vanilli) pensou em criar um contraponto negro e exótico aos maravilhosos suecos. Para isso, contratou duas cantoras e uma modelo, todas do Caribe, e um DJ antilhano que atendia pelo nome de Bobby Farrell. Como o mencionado DJ não sabia cantar, Farian decidiu, ele próprio, fazê-lo.

O sucesso do grupo, chamado Boney M, foi estrondoso, e canções como Ma Baker, Belfast ou Rivers of Babylon explodiram no mundo inteiro. Foi então que Bobby Farrell começou a reclamar e a pedir que o deixassem cantar. Mas Farian, que usufruía como a única voz à sombra, não aceitou, e, cansado da rebeldia de Farrell, expulsou-o do grupo e colocou um outro fantoche em seu lugar. A coisa não funcionou, porque o público se queixava de que esse segundo impostor não era “o negro de Boney M”. Por isso, o produtor teve de fazer um acordo com o falso cantor, que aceitou voltar ao grupo em troca de um dinheiro extra e da mudança do nome do grupo para “Bobby Farrell & Boney M”.
Boney M. arrasou com uma fraude atrás da outra. Mas a gente se divertiu dançando as músicas deles...
 Boney M. | Spotify

8. C+C Music Factory:

Fique quieta. Os produtores americanos Robert Clivillés e David Cole formaram este grupo de dance pop no começo dos anos noventa. Depois de criar algumas bases, eles contrataram o rapper Freedon Wiliams e a vocalista Martha Wash para colocar vozes em bate-estacas como Gonna make you sweat (Everybody dance now).

O sucesso foi legendário: cinco discos de platina. Mas a moça que aparecia na capa dos discos e nos vídeos não era a gorducha cantora Martha Walsh, e sim Zelma Davis, uma modelo deslumbrante de 19 anos que, anos depois, lavaria as mãos em uma entrevista à Rolling Stone: “Eu era inocente e jovem. Lembro de ter dito aos que estavam gravando o videoclipe que eu não tinha cantado tudo aquilo, mas o pessoal da gravadora me mandou ficar quieta”.
A capa do disco de C+C Music Factory: a mocinha que aparece não é a verdadeira cantora do grupo.

Quem não ficou quieta foi Martha Walsh, que denunciou os produtores e a CBS/Sony por fraude, propaganda enganosa e apropriação comercial.

9. Michael Jackson:

Um disco póstumo com a voz de outro. Em dezembro de 2010, pouco mais de um ano após a morte do Rei do Pop, lançou-se Michael, um (suposto) álbum póstumo com canções inéditas. Desde o primeiro momento, o lançamento foi criticado pelos familiares, amigos e colaboradores do cantor, que consideravam falta de respeito publicar canções que não tinham sido concluídas. O que eles não sabiam é que muitas delas não eram nem sequer interpretadas por Michael, e sim por Jason Malachi, que tem um timbre de voz muito parecido.

A primeira a chamar a atenção para a fraude foi Paris, a filha de Michael, que, em uma conversa por vídeo com vários amigos, comentou que “meu pai não canta nenhuma das canções deste álbum. Procure no YouTube por Jason Malachi. É ele!”. A conversa foi gravada e vazou na Internet, onde já circulavam rumores especulando sobre a fraude. Em janeiro, o próprio Malachi revelou a verdade via Facebook: “Crianças, acho que chegou a hora de confessar. Eu é que cantava Breaking News, Keep Your Heard Up, Monster e Stay. Eu tinha um acordo com a gravadora, mas agora a coisa vazou. Peço perdão a todos os meus fãs e a todos os fãs de Michael Jackson”.
YOUTUBE

10. Billy Joel:

Extorquido e arruinado. Desde 1973 até se aposentar temporariamente em 1993, esse astro pop emplacou 40 hits, ganhou seis prêmios Grammy e vendeu mais de 100 milhões de discos no mundo todo. Entretanto, por circunstâncias do destino, também se arruinou várias vezes.

O exemplo mais divulgado foi quando Frank Weber, seu ex-agente, usou 30 milhões de dólares (105 milhões de reais, pelo câmbio atual) retirados das contas do cantor para avalizar empréstimos pessoais e fazer vários investimentos que acabaram mal. Joel só ficou sabendo do golpe em 1989, ano em que foi submetido a uma auditoria, e precisou declarar falência, processando em seguida Weber por fraude e apropriação indébita. Ainda por cima, o ex-agente era padrinho da filha do cantor e tinha sido seu cunhado. O caso deixou o artista tão abalado que em seu disco River of Dreams (1993) ele dedicou várias canções ao assunto.
Capa do disco ‘River of Dreams’.

11. Selena Gomez:

O tropeção que fez a casa cair. Em outubro de 2013, num show na cidade de Fairfax (Virgínia), Selena Gomez cantava a canção Slow Down enquanto dava saltos e animava o público. Dedicou-se tanto às dancinhas que não percebeu que se aproximava perigosamente de um degrau alto. Pisou em falso e caiu sentada. Mas o que mais doeu não foi a queda, e sim o fato de a sua voz continuar sendo ouvida como se nada tivesse acontecido, revelando que aquilo era um playback indisfarçável. Para piorar, tudo ficou gravado e imortalizado no YouTube, onde se pode comprovar como Selena dá um grito ao cair, e esse grito é ouvido por cima da voz que canta.

Selena Gomez tropeça, mas a voz continua cantando, como se nada tivesse acontecido.

12. The Monkees: 

Esse glorioso grupo pré-fabricado. Michael Nesmith, Davy Jones, Micky Dolenz e Peter Tork. Assim se chamavam os quatro escolhidos em um duro casting disputado por 500 rapazes. O objetivo era formar um quarteto musical semelhante aos Beatles, para se apresentar na televisão e dar rosto a discos que não seriam gravados por eles. Os primeiros álbuns da banda, com a produção de Don Kirshner, foram interpretados por músicos norte-americanos famosos, como Carole King, Neil Sedaka e Neil Diamond. O sucesso foi apoteótico, e entre 1966 e 1968 eles se empanturraram de vender discos.

Mas pouco a pouco, e para desespero do seu produtor, os quatro integrantes da banda foram se rebelando: exigiam cantar as canções e tocar os instrumentos, cujos rudimentos haviam aprendido pela necessidade de encenar os playbacks. Tanto protestaram que ganharam a sua chance, mas tiveram a infelicidade de lançar seu disco próprio logo antes do Sgt. Pepper's, dos Beatles, que os afastou do hit parade. Depois, o programa deles na TV foi cancelado, e o vocalista deixou o grupo.
Os adoráveis The Monkees, apenas uns rostos que nem cantavam nem tocavam.

Os Monkees deram tanto trabalho que o produtor, ao conceber seu seguinte projeto de pop pré-fabricado, o The Archies, decidiu usar desenhos animados no lugar de pessoas.

13. Frank Sinatra: 

Garotas contratadas para desmaiar. Antecipando-se a Elvis e aos Beatles, o elegante crooner Frank Sinatra inaugurou o fenômeno das fãs. Em 1942, seu assessor de imprensa George Evans teve a feliz ideia de selecionar colegiais capazes de gritar muito, convocando-as para shows e aparições públicas do ídolo. Em troca de cinco dólares, as meninas berravam feito possuídas e fingiam desmaios. Essa fraude foi a fagulha que acendeu o mito Swoonatra (trocadilho do nome dele com a palavra swoon, desmaiar) e deu início ao fenômeno: anos depois, também Brian Epstein, empresário dos Beatles, contrataria moças para gritar nos shows do quarteto de Liverpool.
O empresário de Frank foi o primeiro a contratar fãs que berravam. Logo a jogada seria imitada pelos Beatles. Cordon

14. Lin Miaoke: 

Embaraçoso movimento político. A espetacular cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008 foi obscurecida pela escândalo de um playback infantil. Assim, enquanto a angelical menina de nove anos Lin Miaoke entrava no palco para cantar e receber aplausos, nos bastidores se escondia a verdadeira cantora, outra pequena chamada Yang Peiyi.

Poucos dias depois da cerimônia a fraude foi revelada, a Internet se encheu de críticas negativas e o diretor musical do evento se viu obrigado a dar as caras para explicar que Lin Maoke foi eleita por ser “muito bonita” e em função do “interesse nacional”, já que “queríamos projetar a imagem correta”. Essas desculpas foram quase piores do que o fato em si, e colocaram em evidência a cruel discriminação sofrida por Peiyi, que, apesar de ter uma voz maravilhosa, exibia dentes mal alinhados e bochechas rosadas.

15. Os Beatles: 

O dia em que Lennon plagiou, e reconheceu. Apesar de, como a maioria das músicas dos Beatles, ser assinada por Lennon/McCartney, Come together foi composta por John Lennon. A música que abre o disco Abbey Road (1969) e é tocada nos cinco continentes.

Quase cinco anos depois, a editora musical do pioneiro do rock Chuck Berry, de propriedade do excêntrico empresário Morris Levy, processou John Lennon por plágio: segundo o magnata, havia semelhanças demais entre Come together e a canção de Chuck Berry You can’t catch me. Lennon reconheceu o plágio e acabou chegando a um acordo extrajudicial com Levy: prometeu pagá-lo gravando outras canções de sua propriedade, coisa que cumpriu em seu disco solo Rock’n’Roll (1975). O mais curioso do caso é que uma das músicas escolhidas foi exatamente You can’t catch me, de Chuck Berry.

Enquanto a produtora de Berry o processou por plagiar a canção inteira, Lennon se defendeu dizendo: “Sim, era eu compondo obscuramente sobre um velho tema de Chuck Berry. Apesar de não ter nada a ver com a música de Chuck Berry, me levaram ao tribunal porque admiti isso uma vez há anos. Deixei uma linha da letra igual, mas poderia ter mudado por outra. A música continua sendo minha, independentemente de Chuck Berry ou de qualquer outra pessoa no mundo”.

16. Héroes del Silencio: 

Devolvam meu dinheiro. 42 euros (cerca de 170 reais atualmente), de 2007, custava a entrada do show em Sevilha dos Héroes del Silencio, no estádio olímpico de La Cartuja; um encontro marcado na turnê de despedida que o grupo fez por diferentes capitais espanholas e norte-americanas. O de Sevilha era um dos três shows na Espanha, por isso muita gente peregrinou de suas cidades para vê-los, gastando um bom punhado de euros na viagem, além de hospedagem e ingresso.

O estádio estava lotado e, por ser um espaço tão grande, os que não estavam muito perto acreditaram que estava tudo bem, mas o público das primeiras fileiras viu horrorizado que seu grupo favorito perpetrava um playback de arrepiar os cabelos: Bunbury não conseguia mexer a boca enquanto sua voz soava enlatada, e pelos alto-falantes soavam gaitas e outros instrumentos que brilhavam por sua ausência no palco. Indignados, muitos espectadores escreveram críticas na Internet e reclamaram à promotora do show indenizações que nunca foram pagas.

17. Modern Talking: 

Essas músicas que você tanto dançou escondem uma fraude. Geronimo’s cadillac, Brother Louie, Chery chery lady... Os sucessos desse duo alemão marcaram a trilha sonora dos anos oitenta. E seus integrantes, Thomas Anders e Dieter Bohlen, encheram o bolso de dinheiro, vendendo 120 milhões de discos.

Mas em 2001, quando Anders e Bohlen já estavam mais do que aposentados, descobriu-se que não eram eles que cantavam os pegajosos falsetes de suas músicas. E mais, o loiro do duo não havia entoado uma sílaba, e o moreno apenas algumas partes. Os verdadeiros intérpretes de seus refrões eram três cantores profissionais, chamados Rolf Köhler, Detlef Wiedeke e Michael Schol, que se mantiveram à sombra enquanto os figurantes levavam a fama e a fortuna. Quando se descobriu o engodo, os autênticos vocalistas tentaram em vão empreender uma carreira como trio, com o nome de Systems in Blue, mas se deram mal.

18. Creedence Clearwater Revival: 

Sugando o mestre. Apesar de serem muitos os que beberam no caudaloso cancioneiro de Little Richard, um dos pais fundadores do rock’n’roll, o caso mais criminoso é o de Travelin’ band, do grupo Creedence Clearwater Revival. A música foi composta pelo líder do grupo, o cantor e guitarrista John Fogerty em 1970, arrasou em meio mundo e virou versões de Elton John, Def Leppard e Jerry Lee Lewis.

Mas, em 1972, a empresa que detinha os direitos autorais de Little Richard denunciou Fogerty por considerar que Travelin’ band era parecida demais com Good Golly, Miss Molly. O incidente se resolveu fora dos tribunais, já que Fogerty reconheceu que tinha sido um “plágio acidental”, ou seja, que tinha feito sem querer. Parece uma desculpa barata, mas crível se levarmos em conta que, em certa ocasião, Fogerty chegou a plagiar a si mesmo: na época foi acionado pela empresa proprietária da canção Run through the jungle, que era dele, por considerar que se parecia demais com The old man down the road, que também era sua. Incrível.

‘Travelin’ band’ é muito parecida com ‘Good Golly, Miss Molly’. Como ‘I’m down’, dos Beatles, e ‘Tutti frutti’. Little Richard plagiado duas vezes.

19. Katy Perry: 

A flautista mentirosa. Em um show de 2011 realizado em Manchester, Katy Perry quis dar uma de flautista e o silvo saiu pela culatra, protagonizando um dos playback fails mais vexatórios da história do pop recente.

Um funcionário lhe trouxe uma flauta em uma bandeja e ela se pôs a tocar enquanto o microfone era arrumado. Mas a cantora tirou a flauta da boca bem antes de a música parar de tocar e virou. Depois de um forte vaia do público, deu um jeito e gritou: “Tudo bem, não sei tocar flauta!”. O cúmulo foi que alguém postou o vídeo no YouTube e Katy passou ridículo em nível planetário.

Katy Perry, flagrada tocando a flauta mágica:

20. Oasis: 

Os ‘fuzilamentos’ de Manchester. O produtor dos Beatles, o recentemente falecido George Martin, chegou a dizer que Noel Gallagher, cantor e guitarrista do Oasis, é “o compositor mais fino de sua geração”. E talvez tivesse razão... se alguns de seus sucessos fossem dele. Entre outros artistas, Noel se inspirou demais em Stevie Wonder, Monthy Python, Gary Glitter, Serge Gainsbourg, Pink Floyd, The Doors e até Johann Sebastian Bach. Mas o caso mais flagrante é o da música Cigarrettes and Alcohol, na qual fuzilou acordes e ritmos da celebérrima Get it on, de T. Rex; sem dúvida, teve de pagar com juros os direitos autorais.

A marca Coca-Cola também o denunciou, por plagiar a música de um comercial dos anos setenta (I’d like to teach the world to sing) em sua canção Shakermaker. Depois de indenizar a marca de refrigerantes, Gallagher declarou zombeteiro: “A partir de agora só tomarei Pepsi”.

Os Gallagher chegam longe demais idolatrando suas influências:

FONTE: EL PAÍS

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

VOCÊ SABIA? O DIA EM QUE BOB MARLEY JOGOU FUTEBOL COM CHICO BUARQUE E MORAIS MOREIRA NO RIO DE JANEIRO

'O futebol fazia tanto parte da vida de Bob Marley quanto a música', afirma biógrafo de Bob Marley (da esq: Marley, Moraes Moreira, Jacob Miller e Marco Mazola) Acervo Bob Marley

Bob Marley, que completaria 80 anos em 2025, estava em estúdio gravando Uprising — aquele que viria a ser seu último álbum lançado em vida — quando recebeu um convite para lá de irrecusável de Ramón Segura, diretor geral da Ariola: participar da festa de lançamento da gravadora alemã no Brasil.

Torcedor apaixonado da seleção à época tricampeã do mundo, o cantor jamaicano, então com 34 anos, nem pensou em recusar o convite. "Rivelino, Jairzinho, Pelé... A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil", explicaria, dias depois, já em solo brasileiro.

Convite aceito, um dos maiores nomes do reggae de todos os tempos embarcou em Port of Spain, em Trinidad e Tobago, rumo ao país do futebol. Marley não veio sozinho.

A bordo de um jato particular fretado pela Island Records, gravadora jamaicana fundada em 1959 que, hoje, pertence ao acervo da Universal Music, vieram, também, o guitarrista Junior Marvin, da banda The Wailers; o cantor Jacob Miller (1952-1980), do grupo Inner Circle; o executivo Chris Blackwell, fundador da Island Records, e sua mulher, a atriz e modelo Nathalie Delon (1941-2021).

E a comitiva seria ainda maior se o cantor e compositor Barry Manilow, também convidado para prestigiar o evento, não tivesse mudado de ideia na véspera do embarque.

Segundo Marco Mazzola, o fundador da Ariola Discos no Brasil, o voo de Bob Marley teve duas escalas: uma em Manaus, outra em Brasília, ambas para reabastecimento.

Em Ouvindo Estrelas - A Luta, A Ousadia e a Glória de Um dos Maiores Produtores Musicais do Brasil (2007), Mazzola conta que, em Manaus, os militares desconfiaram daquelas "figuras estranhas" e pediram explicações sobre o motivo da viagem.

Depois de algum tempo, liberaram seus passaportes, mas, não concederam vistos de trabalho. "Isso nos causou muita frustração", admite Mazzola. "Tanto nós quanto eles sonhávamos com uma jam na festa de lançamento".

Por volta das 18h30 de terça-feira, 18 de março de 1980, a aeronave pousou no Rio de Janeiro. No saguão do aeroporto Santos Dumont, Bob Marley — vestindo uma boina de tricô chamada tam — falou da vontade de conhecer Gilberto Gil.

Em agosto de 1979, Gil tinha lançado Não Chore Mais, sua versão para No Woman, No Cry, um dos maiores hits do repertório do artista jamaicano. "O reggae tem a mesma raiz, o mesmo calor e o mesmo ritmo do samba", declarou aos repórteres. Do aeroporto, Marley e sua comitiva seguiram para o Copacabana Palace.

Fanático por futebol, Bob Marley não era torcedor de um clube só. Na Jamaica, o menino que aprendeu a jogar bola nas ruas de Trenchtown, bairro pobre de Kingston, a capital do país, torcia pelo Boys Town. Mas, na Inglaterra, seu "time do coração" era o Everton; na Escócia, era o Celtic e, no Brasil, o Santos.

Na quarta, dia 19, dia seguinte à chegada no Rio, o rei do reggae ganhou de presente de Pelé, o rei do futebol, uma camisa 10 do time da Vila Belmiro.

Em sua visita ao Rio, Marley realizou outro sonho: conhecer Paulo Cézar Lima, também conhecido como Paulo Cézar Caju, companheiro de Pelé na seleção que conquistou a Taça Jules Rimet no México, em 1970.

"O futebol fazia tanto parte da vida de Bob Marley quanto a música", afirma o biógrafo Gerald Hausman, organizador da antologia O Futuro É O Começo (2013). "Adorava acordar cedo para correr e jogar bola. Quando estava em campo, sentia-se revigorado."

Na única vez em que esteve no Brasil, Bob Marley não entrou em estúdio ou subiu ao palco. Mas, boleiro incorrigível, não abriu mão de mostrar seus dotes como jogador.

A "pelada" foi marcada para o Centro Recreativo Vinícius de Moraes, no Km 18 de Avenida Lúcio Costa, antiga Sernambetiba, no Recreio dos Bandeirantes. É lá que funciona, até hoje, o "estádio" do Politheama, o time de futebol do cantor e compositor Chico Buarque que, reza a lenda, nunca perdeu uma partida oficial.

"Politheama era o time de botão do Chico, azul e verde, que ele fundou aos 15 anos", explica a jornalista Regina Zappa, autora das biografias Chico Buarque: Para Todos (1999) e Chico Buarque - Para Seguir Minha Jornada (2011). "Depois, foi promovido a time de futebol de verdade. No grego, Politheama significa: muitos espetáculos".
Apaixonado por futebol, Bob Marley torcia pelo Boys Town na Jamaica e pelo Santos no Brasil Acervo Bob Marley

'Sou passarinho, não ornitólogo'

Ao contrário de Bob Marley, que torcia por diferentes clubes, Chico Buarque é torcedor de um time só: o Fluminense Football Club - paixão que herdou da mãe, Maria Amélia (1910-2010). Mas, os dois, Marley e Chico, têm algo em comum: sempre que saem em turnê, dão um jeito, antes ou depois dos shows, de bater uma bolinha com seus músicos ou membros da equipe técnica.

Certa vez, na falta de um campinho de futebol e de um time adversário, Chico e alguns integrantes de sua banda, como o percussionista Chico Batera, improvisaram uma troca de passes e uns chutes a gol no corredor de um hotel em Brasília.

Mas Chico não gosta apenas de jogar futebol. Também gosta de assistir aos jogos pela TV e, de quando em quando, ser cronista esportivo — em 1998, na Copa do Mundo da França, escreveu uma coluna para o jornal O Globo.

Até criar um jogo de tabuleiro sobre futebol, Chico Buarque já criou: o Ludopédio, em 1969, pela Grow. A única coisa de que ele não gosta é teorizar sobre futebol. "Sou passarinho, não ornitólogo", costuma dizer, citando o escritor chileno Antonio Skármeta.

Desde que o Politheama foi inaugurado, em 1979, Chico e outros "peladeiros" assumidos, como o cantor Carlinhos Vergueiro e o produtor e empresário Vinícius França, costumavam se reunir três vezes por semana - às segundas, quintas e sábados - para jogar bola.

Indagado sobre quem seria o "craque" do Politheama, Carlinhos Vergueiro diz que não gostaria de cometer injustiças. "O Politheama é, antes de tudo, um time. O entrosamento favorece as individualidades", filosofa.

Naquela tarde, o Politheama ganhou alguns reforços: Toquinho, Moraes Moreira e Alceu Valença, todos recém-contratados pela Ariola. Bob Marley chegou às 15h50. "Para minha tristeza, não compareci a esse evento histórico", lamenta Vinícius França. "Estava prestando exames finais na PUC".

Um craque entre os peladeiros

Evandro Mesquita compareceu, mas chegou atrasado. Estava na praia com Regina Casé e Patricya Travassos, acertando os últimos detalhes de um ensaio do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, quando Paulo Cézar Lima o convidou para jogar bola.

"O Bob Marley tá na casa do Chico e quer jogar com a gente. Bora lá?", perguntou PC. Evandro quase caiu para trás. "No começo, as duas estranharam. Mas, como sabiam da minha paixão pelo Bob Marley, me liberaram", diverte-se o líder da Blitz.

À beira do campo, Evandro demorou a entrar. Nenhum dos jogadores, por mais cansado que estivesse, queria ceder a vaga.

Faltando uns dez minutos para o apito final, a bola escapuliu pela lateral, Evandro fez umas "embaixadinhas" e a devolveu, com estilo, para Bob Marley. "Yeah, man! Very nice!", exclamou, sorridente, o jamaicano. "Nice to meet you, man!", retribuiu Evandro, encabulado. "I love your music!". "Bob Marley era lindo, gentil e maravilhoso. Um gigante, bem ali na minha frente", derrete-se o roqueiro.

Dos "jogadores" em campo, o único profissional era mesmo Paulo Cézar Caju - na época, ele defendia as cores do Club de Regatas Vasco da Gama. Todos os demais eram "peladeiros". Caju, aliás, não foi o único jogador profissional a marcar presença no Politheama - Zico, Júnior e Romário, três dos mais famosos, já entortaram muitos marcadores e fizeram alguns golaços por lá.

Na hora de montar os dois times, porém, faltou jogador. Foi quando tiveram a ideia de convocar, às pressas, alguns funcionários da Ariola e até o jornalista João Luiz de Albuquerque. "Free lancer", João Luiz fora contratado pela Ariola para escrever o discurso do diretor, Marco Mazzola, apresentando a gravadora para a indústria fonográfica e a imprensa.
Torcedor apaixonado da seleção tricampeã do mundo, Bob Marley foi convidado a participar do lançamento da gravadora Ariola no Brasil Acervo Bob Marley

Bom de bola ou perna de pau?

Segundo o jornal O Globo, de 20 de março de 1980, a "pelada" teria durado apenas 20 minutos - "dadas as condições físicas dos 'atletas'", enfatizou o repórter.

Toquinho, um dos "craques" do jogo, nega essa versão. E, esbanjando modéstia, acrescenta: "O melhor em campo? Ora bolas, fui eu! Joguei muito naquele dia", afirma, categórico, antes de soltar uma risadinha marota.

E o que dizer de Bob Marley com a bola nos pés? "Muito ruim", resume o eterno parceiro de Vinícius. A opinião de Toquinho é compartilhada por Evandro. "Era esforçado, mas os jamaicanos eram meio duros", analisa.

Carlinhos Vergueiro discorda: "Jogava muito bem". Controvérsias à parte, o amistoso terminou três a zero — gols de Bob Marley, Paulo Cézar Caju e Chico Buarque.

Durante a visita de Bob Marley ao Rio, Paulo Cezar Caju realizou dois desejos do cantor: comer peixe cru — o dono de um restaurante no Baixo Leblon, muito amigo do jogador, descolou uma bandeja de sashimi — e tomar suco de frutas.

"Viemos andando pela Visconde de Pirajá e paramos numa lanchonete", recorda o jogador na biografia Dei a Volta na Vida (2006), referindo-se a uma das principais ruas de Ipanema. "Aí, misturamos manga, abacaxi, melão e mamão e ele tomou tudo na hora".

Um rei no Rio de Janeiro

Na quarta à noite, Bob Marley, Marvin Júnior e Jacob Miller subiram o Morro da Urca, na Zona Sul do Rio. Chegaram por volta das 22h15. "Marley chegou como um rei. Fumou baseados, tomou guaraná e ficou louco com o visual do Rio", observou o jornalista e escritor Nelson Motta no livro Noites Tropicais: Solos, Improvisos e Memórias Musicais (2000).

O astro da noite trajava calça jeans e camiseta azul. Adepto da religião rastafári, não consumiu bebida alcoólica.

A casa de shows Noites Cariocas, no Pão de Açúcar, foi a escolhida para sediar a festa de inauguração da Ariola. O primeiro lançamento da gravadora no Brasil foi o álbum Um Pouco de Ilusão, de Toquinho & Vinícius.

Entre os mais de mil convidados, grandes nomes da MPB, como Ivan Lins, Simone e Marina. O show de Moraes Moreira começou às 23h20, com direito à participação de Baby Consuelo.

Na manhã seguinte, uma coletiva de imprensa, prevista para começar às 11h30, foi cancelada. Motivo: o voo de volta, segundo os jornais da época, tinha sido antecipado.

Na bagagem, o astro jamaicano levou mil dólares em material esportivo e alguns instrumentos musicais, como cuíca, atabaque e maracas, que comprou em uma loja de Copacabana.

Houve quem especulasse que, em setembro, ele voltaria para um festival de reggae no Maracanãzinho. Festival esse que acabou não acontecendo. No dia 11 de maio de 1981, quase um ano e dois meses depois de sua visita ao Rio, Bob Marley morreu, vítima de câncer, aos 36 anos.

FONTE: BBC
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