Um dia antes de morrer, Pitanguy desfilou no Rio com a tocha olímpica (Foto: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O cirurgião plástico Ivo Pitanguy morreu por volta das 17h30 deste sábado (6), aos 93 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. Ele teve uma parada cardíaca, segundo sua assessoria. Pitanguy deixa a mulher, Marilu, quatro filhos e cinco netos.
Na manhã de ontem, Pitanguy carregou a tocha olímpica em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro. Ele estava em uma cadeira de rodas.
O médico esteve internado até meados de junho no Hospital Samaritano para tratar de uma infecção causada durante a troca de um cateter.
O velório deve acontecer no Memorial do Carmo, a partir das 13h deste domingo (7), seguido pela cerimônia de cremação, prevista para as 18h, ambos reservados à família e amigos próximos.
Começo dos estudos em Minas
Nascido Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy, em Belo Horizonte (MG), no dia 5 de julho de 1923, Pitanguy era considerado o maior cirurgião plástico do país e um dos maiores do mundo.
Filho de Maria Stael Jardim de Campos Pitanguy e do médico-cirurgião Antônio de Campos Pitanguy, Ivo Pitanguy cursou medicina na Universidade Federal de Minas Gerais até o 4º ano.
Sem interromper os estudos, transferiu-se para a Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para servir no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, onde atuou na Cavalaria dos Dragões da Independência.
Vivência nos EUA e França
Sua formação cirúrgica começou no Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, atual Hospital Souza Aguiar. Como sua vocação era a cirurgia plástica, o jovem Pitanguy se inscreveu em um concurso organizado pelo "Institute of International Education" e, no fim dos anos 1940, ganhou uma bolsa de estudos como cirurgião residente do Serviço do Professor John Longacre, no Bethesda Hospital, nos Estados Unidos.
Após estágio em outros serviços de cirurgia plástica norte-americanos, retornou ao Brasil, onde foi convidado pelo professor Marc Iselin, que visitava o Hospital do Pronto-Socorro do Rio de Janeiro, para ser seu assistente estrangeiro em Paris, na França. Permaneceu durante dois anos na capital francesa, antes de dar seguimento à sua formação profissional no Reino Unido.
Ali, percebeu a importância de transmitir os conhecimentos adquiridos, lembrando sempre da importância social da especialidade, que começava a surgir no Brasil.
Importância social da plástica
Pitanguy criou o Serviço de Queimados do Hospital do Pronto-Socorro e o primeiro serviço de cirurgia de mão e de cirurgia plástica reparadora da Santa Casa.
Foi professor de cirurgia plástica da Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas.
Em 1961, com a colaboração de médicos residentes, atuou no atendimento às vítimas do incêndio do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, o que deu visibilidade à importância social da especialidade. A tragédia matou mais de 500 pessoas e deixou mais de 800 feridos com sequelas por queimaduras.
Inaugurou a Clínica Ivo Pitanguy em 1963, que se transformou em referência nacional e internacional para a cirurgia plástica.
Pitanguy era patrono da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e membro honorário da American Society of Plastic Surgery (AISAPS). Também professor e escritor, foi membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira nº 22 desde 1990.
Problema familiar
A elogiada e reconhecida carreira de Ivo Pitanguy sofreu um baque em agosto de 2015, quando seu filho, o empresário Ivo Nascimento de Campos Pitanguy, foi preso por atropelar e matar o operário José Fernando Ferreira da Silva, 44, na Gávea, zona sul do Rio.
O operário trabalhava nas obras de expansão do metrô da zona sul à Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. O empresário acabou beneficiado com liberdade provisória após pagar fiança de R$ 100 mil e foi indiciado por homicídio doloso.
AUTOR: UOL
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