O ex-apresentador da CNN Larry King morreu aos 87 anos Foto: Reprodução/Twitter
Ele apresentou Larry King Live na CNN por mais de 25 anos, entrevistando candidatos presidenciais, celebridades, atletas, estrelas de cinema e pessoas comuns. Ele se aposentou em 2010 depois de gravar mais de 6.000 episódios do programa.
Uma declaração publicada em suas redes sociais anunciou sua morte. Pouco depois, seu filho, Chance, confirmou a informação.
"Com profunda tristeza, a Ora Media anuncia a morte de nosso cofundador, anfitrião e amigo Larry King, que faleceu nesta manhã aos 87 anos no Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles", disse o comunicado.
"Por 63 anos e em todas as plataformas como rádio, televisão e mídia digital, milhares de entrevistas, prêmios e a aclamação global de Larry são um testemunho de seu talento único e duradouro como locutor."
A declaração não informou a causa da morte, mas King estava hospitalizado com Covid-19 desde o início de janeiro, segundo uma fonte próxima à família.
"Lamentamos o falecimento de nosso colega Larry King", disse o presidente da CNN, Jeff Zucker, em um comunicado.
"O jovem brigão do Brooklyn teve uma carreira de fazer história no rádio e na televisão. Sua curiosidade pelo mundo impulsionou sua carreira premiada na radiodifusão, mas foi sua generosidade de espírito que atraiu o mundo a ele. Estamos muito orgulhosos dos 25 anos que ele passou na CNN, onde suas entrevistas realmente colocaram a rede no palco internacional. De nossa família CNN para Larry, enviamos nossos pensamentos e orações, e uma promessa de continuar sua curiosidade pelo mundo em nosso trabalho."
King lutou contra uma série de problemas de saúde, sofrendo vários ataques cardíacos. Em 1987, foi submetido a uma cirurgia de revascularização quíntupla, inspirando-o a estabelecer a Fundação Cardíaca Larry King para fornecer assistência àqueles sem seguro de saúde.
Em 2017 ele revelou que foi diagnosticado com câncer de pulmão e foi submetido a uma cirurgia bem-sucedida para tratar a doença. Ele também foi submetido a um procedimento em 2019 para tratar a angina.
King também sofreu perdas pessoais no ano passado, quando dois de seus filhos adultos morreram com poucas semanas de diferença: Andy King, de 65 anos, sofreu um ataque cardíaco e a filha Chaia King, de 52 anos, morreu após ser diagnosticada com câncer de pulmão. King deixa três filhos.
Em uma era repleta de jornalistas famosos, King era um gigante – entre os questionadores mais proeminentes da televisão e apresentador que recebeu presidentes, estrelas de cinema e atletas de todo o mundo.
Com um comportamento afável e tranquilo que o distinguia dos entrevistadores de TV mais intensos, King aperfeiçoou uma abordagem casual para o formato de perguntas e respostas, sempre se inclinando para frente e ouvindo atentamente seus convidados, raramente interrompendo-os.
"Nunca aprendi nada enquanto falava", King gostava de dizer.
Por 25 anos, ele apresentou Larry King Live na CNN, período em que realizou mais de 30.000 entrevistas, incluindo todos os presidentes dos EUA no exercício do cargo, de Gerald Ford a Barack Obama. Também atendeu milhares de telefonemas de telespectadores.
O programa fez de King um dos rostos da emissora e um dos mais famosos jornalistas de televisão do país. Sua coluna no USA Today, que durou quase 20 anos até 2001, exibiu o estilo distinto de King, convidando os leitores a uma trilha incomum que servia como uma janela para sua mente.
"O jogador mais subutilizado na NFL este ano foi Desmond Howard de Washington… Apesar do que você pensa de Lawrence Walsh, sempre teremos a necessidade de um promotor especial porque um governo não pode se auto-investigar", escreveu King em uma coluna de 1992.
Essas reflexões, combinadas com sua aparência inconfundível – óculos grandes, suspensórios sempre presentes – tornaram King uma pessoa caricata. Na década de 1990, ele foi retratado no Saturday Night Live por Norm MacDonald, que canalizou a coluna USA Today com uma representação direta.
Piadas à parte, a influência de King é evidente hoje na geração de podcasters que imitaram – deliberadamente ou não – sua abordagem conversacional para entrevistas.
"[Após] Uma boa entrevista, você saberá mais do que sabia antes de começar. Você deveria voltar, talvez, com algumas de suas opiniões mudadas", disse King ao Los Angeles Times em 2018. "Você certamente deveria voltar entretido – um entrevistador também é um artista."
Origem simples em NY
Nascido Lawrence Harvey Zeiger em 19 de novembro de 1933, no Brooklyn, em Nova York, King foi criado por dois imigrantes judeus. Sua mãe, Jennie (Gitlitz) Zeiger, era da Lituânia, enquanto seu pai, Edward Zeiger, vinha da Ucrânia. Edward morreu de ataque cardíaco quando King tinha 10 anos, uma memória que King disse ter "bloqueado".
Tendo que criar King e seu irmão mais novo Marty sozinha, Jennie Zeiger foi forçada a ir à previdência para sustentar seus filhos. A morte teve um efeito profundo em King e em sua mãe.
"Antes de sua morte [de meu pai], eu era um bom aluno, mas depois disso, simplesmente parei de me interessar", disse King ao The Guardian em uma entrevista em 2015. "Foi um verdadeiro golpe para mim. Mas, eventualmente, canalizei essa raiva porque queria deixar ele e minha mãe orgulhosos."
King disse que seu pai teve uma enorme influência sobre ele, incutindo em seu filho um senso de humor e amor pelos esportes. E nenhum esporte atraiu mais a afeição de King do que o beisebol.
Ele cresceu fã dos Brooklyn Dodgers e continuou a apoiar a equipe após sua mudança para Los Angeles. Ele era uma presença constante nos jogos do time no Dodger Stadium. Em 2004, King escreveu um livro apropriadamente intitulado, "Why I Love Baseball" (Por que eu amo beisebol, em tradução livre).
Carreira na imprensa
A carreira de King na mídia começou para valer em 1957, quando ele conseguiu um emprego como disc jockey (DJ) no WAHR-AM em Miami. Foi então que ele decidiu abandonar o sobrenome.
"Você não pode usar Larry Zeiger", disse, lembrando o que seu chefe na emissora falou. "É muito étnico. As pessoas não serão capazes de soletrar ou lembrar. Você precisa de um nome melhor."
"Não havia tempo para pensar se isso era bom ou ruim ou o que minha mãe diria. Eu entraria no ar em cinco minutos", escreveu King em sua autobiografia de 2009.
"O Miami Herald estava espalhado em sua mesa. Virado para cima era um anúncio de página inteira da King's Wholesale Liquors. O gerente geral olhou para baixo e disse: ‘King! Que tal Larry King?’”
Casamentos fracassados
Foi nessa época que King entrou no que se tornaria uma série de casamentos fracassados. Sua união com Frada Miller foi anulada e as datas de seu segundo casamento com Annette Kaye não estão publicamente disponíveis.
De 1961 a 1963, King foi casado com Alene Akins, com quem se casou novamente de 1967 a 71; nesse intervalo, King se casou com Mickey Sutphin em 1964 antes de se divorciar em 1966.
Ele teve mais dois divórcios – de Sharon Lepore, com quem foi casado de 1976-82, e Julie Alexander, com quem foi casado de 1989-92 – antes de se casar com sua sétima esposa, Shawn Southwick em 1997 no UCLA Medical Center, quando ele estava prestes a se submeter a uma cirurgia cardíaca.
King pediu o divórcio de Southwick em 2019, citando diferenças irreconciliáveis.
FONTE: CNN BRASIL
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